quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Aula do dia 24/09/09


Impactos das Tecnologias de Informação sobre os Deficientes Visuais
José Antonio dos Santos Borges

Na história os deficientes visuais eram tidos como um peso para a sociedade, a cegueira era considerada como sendo um castigo de Deus. Essa situação cultural dos cegos permaneceu durante milênios, começando a mudar em meados do século XIX, com a criação da Escola de Cegos de Paris, onde técnicas militares de comunicação noturna passaram a ser aplicadas aos alunos cegos. Alguns precursores, como
Valentin Hauy e Charles Barbier desenvolveram técnicas envolvendo métodos táteis, que visavam permitir aos cegos ler e escrever, mas foi Louis Braille, um aluno cego quem sistematizou a técnica de escrita em relevo que é ainda hoje, a forma mais usada na educação e comunicação escrita para cegos. A escrita Braille acabou por se tornar um padrão mundial, proporcionando o desenvolvimento das pessoas cegas na área cultural, visto que qualquer material poderia ser ,em princípio, transcrito para Braille, tornado viável o estudo de milhões de pessoas numa época em que o desenvolvimento tecnológico era rudimentar, porem a técnica Braille traz embutida a necessidade da transcrição ,ou seja os textos normalmente escritos à tinta eram copiados para esta forma.
Durante cerca de 130 anos, o modelo assistencial e a aplicação do Braille como única alternativa de inserção cultural permaneceram intocados. Com o surgimento de novos itens tecnológicos esses modelos foram abalados e acabaram a partir de 1970. A partir de 1970 ocorre uma explosão no desenvolvimento da tecnologia de eletrônica, computação e comunicações, o responsável pela essa explosão foi a Guerra do Vietnã, pois milhares de cidadãs norte-americanos ficaram deficientes e ao voltarem da Guerra , provocaram ações muito sérias e de grande repercussão e visibilidade contra o governo, o que obrigou o governo a financiar pesquisas e apoiar ações que viessem melhorar a vida dos deficientes.
As ações do governo deram certo, várias empresas na época modificaram as tecnologias de escrever e impressoras convencionais e dos teletipos para produzir as primeiras impressoras Braille, foram criadas as primeiras máquinas de impressão mecânica manuais, os primeiros programas para transcrição Braille por computador, que diminuíram muito as dificuldades de reprodução de material em Braille. A lógica por trás dessas ações de governo é muito claro, pois sai muito mais barato equipar o deficiente para trabalhar, transformando o num ser produtivo, provavelmente competitivo e consumidor, do que pagar indenizações para o resto da vida.
O modelo americano de tratar o assunto deficiência foi imitado por diversos países da Europa, em especial por aqueles que tiveram problemas com guerras no passado. Como conseqüência dessas ações, a partir de 1980, com um acentuado aumento nos anos 90, surgindo um mercado internacional de produtos para deficientes com uma relativa variedade.
NO Brasil o uso do computador foi iniciado no início dos anos de 1980, com a criação de cursos para a formação de programadores cegos na linguagem Cobal, realizado pela IBM em parceria com o Instituto Benjamin Constant. O principal fator para a entrada maciça de tecnologia na vida dos deficientes brasileiros foi a criação do sistema Dosvox, no núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1994. Em meados de 1990, os deficientes visuais são introduzidos em sala de aula de pessoas comuns, porem os professores não estavam preparados para receber os alunos deficientes. Novas estruturas auxiliares, salas de recursos e Centros de Apoio Pedagógico foram criados. Em 1998 0 Ministério da Educação (MEC) Cria o programa do livro Didático em Braille.
A criação de novas ferramentas adaptadas (tática usada pelo Projeto Dosvox) permite que os deficientes visuais usem ferramentas criadas com suas idiossincrasias, explorando ao máximo o seu potencial através de uma interface adequada, Em 2001 o número aproximadamente de cegos na Internet era estimado em 1800, sendo a grande maioria localizada na região sudeste do Brasil( cerca de 70%). Do ponto de visto humano a Internet tem um valor maior para os cegos do que para que para pessoas as videntes, Pela Internet o deficiente visual conversa diminuindo a sua solidão, faz amigos, compram, discutem uns com os outros, a internet com freqüência é ponte para relacionamentos reais, que acabam em casamentos. Dessa forma a educação deve ser vista como a chave para a integração futura necessariamente apoiada e viabilizada pelo uso intensivo de itens tecnológicos.

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