quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Os projetos de trabalho e a necessidade de trabalhar a escola - Fernando Hernández









A escola como geradora de cultura

A cultura de compreensão assume uma posição relativista, mas não é débil nem trivial há vários caminhos para o pensamento complexo, assim como há muitos tipos de pensadores complexos que organizam a realidade de maneira válida para compreende-la. Também nos conduz a considerar a classe com uma cultura própria, mas não única. Essa cultura que vai se definindo mediante as diferentes formas de discurso que se desenvolvem e se encenam nas situações de classe

Globalização, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade

Quando se fala em interdisciplinaridade, fala-se a partir de pontos de vista e pesrpectivas diferentes, mas o eixo comum é a busca de relações entre as disciplinas no momento de confrontar temas de estudo, o elemento de discussão é o valor que se atribui a essa busca de relações e, sobre tudo, o papel que ela deverá ter no currículo escolar estaria vinculada aos conteúdos oficiais? Relacionada às matérias escolares de modo autônomo? Constituídas a partir de problemas de investigação?Desde a estruturação das atividades?
Chega-se à conclusão de que a noção e a prática de globalização se situa ao menos em torno de três eixos:


*Um sentido de conhecimento que se baseia na busca de relações, que ajude a compreender o mundo em que se vivemos a partir de uma dimensão de complexidade:


*Uma estratégia para abordar e investigar problemas que vão além da compartimentação disciplinar;


*Uma referência epistemológica que recoloca “o pensamento atual como problema-chave da Antropologia e da Histórica”. (Morin, 1993, p.72)

Uma maneira de nos aproximarmos dos projetos de trabalho


Os projetos de trabalho supõem um enfoque do ensino que trata de resituar, repensar, recriar as concepções e as práticas educacionais na escola e não simplesmente adaptar uma proposta do passado e atualizá-la.as características apresentadas a seguir apenas pretendem servir de marco para orientar um itinerário que, há de ser construído em cada contexto.


* Um percurso através de um tema-problema que favoreça a análise, a interpretação (com contraste de pontos de vista). Este tema-problema pode partir de uma situação que algum aluno proponha na classe ou pode ser sugerido pelo professor. Em ambos os casos, o importante é que o desencadeamento contenha uma questão valiosa para ser explorada.


* Uma atitude de cooperação em que o professor é um aprendiz e não um especialista. Dado que com freqüência, abordam-se questões que também são “novas” para o professor, trabalhar na classe através de projetos supõe uma mudança de atitude por parte do adulto. Essa atitude o converte em aprendiz.


* Um processo que busca estabelecer conexões entre os fenômenos e que questiona a idéia de uma versão única da realidade.


* Um trabalho em que cada etapa é singular e nela se ocupam com diferentes tipos de informação. Os projetos não são uma fórmula que se aplicar de maneira repetida. Cada tema pode surgir de uma circunstância diferente: uma visita a uma exposição, uma questão proposta na imprensa ou na televisão, um debate em sala, um tema que o professor considere necessário estudar é uma tarefa chave, pois abre o processo de indagação.

* Um professor que ensina a escutar: com o que os outros dizem, também podemos aprender. O que se produz na sala, no trabalho em grupo (pois não há de se duvidar que um tema pode ser abordado por alunos de idades e níveis diferentes) é o material de primeira ordem para o desenvolvimento do projeto. A transcrição das conversas, os debates e as análises formam parte do “conteúdo” do projeto.


* Alunos que apresentam várias formas de aprender o que queremos ensinar ( e não sabemos se aprenderão isso ou outras coisas). Num dos mitos que reinam na educação sua finalidade é que os alunos aprendam o que os professores lhes ensinam. A avaliação, precisamente, pretende garantir a obtenção de evidências sobre o cumprimento dessa proposta. Qualquer professor reconhece que em uma classe os alunos aprendem de maneiras diferentes, que uns estabelecem relações com certos aspectos trabalhados em aula e outros se “conectam” a conteúdos diferentes.


* Uma aproximação atualizada dos problemas das disciplinas e dos saberes. A seleção dos temas para os projetos encontra-se, como foi indicado, mediatizada pela organização do currículo por matérias. O currículo por matérias é uma opção entre possíveis, mas não a única. O currículo oficial, por sua vez, é reflexo de um campo de interesses, poderes e influências, caracterizado quase sempre por uma formulação dos conteúdos de caráter geral que podem servir de referência, mas nunca de freio ou limite para o processo de aprendizagem.


* Uma forma de aprendizagem em que se leva em conta que todos os alunos podem apreender, se encontrarem ocasião para isso. Em nossa experiência, uma, uma das possibilidades que oferecem os projetos é a de que todos os alunos possam encontrar seu papel.Por isso, nos projetos, ter em conta a diversidade do grupo e as contribuições eu cada um pode dar (não as dificuldades e limitações) converte-se num constante.


* A aprendizagem que está vinculada ao fazer, à atividade manual e à intuição. Nesse modo de conceber a educação os estudantes


· Participam de um processo de investigação que tem sentido para eles, não porque seja fácil ou porque lhes agrada em que Utilizam diferentes estratégias de investigação;


· Podem participar do processo de planejamento a própria aprendizagem;


· São ajudados a ser flexíveis, a reconhecer o outro e a compreender seu próprio contexto pessoal e cultural.

A finalidade do ensino passa a ser a de promover a compreensão dos problemas que são investigados. Compreender e ser capaz de ir além da informação dada, é poder reconhecer as diferentes versões de um fato, buscar explicações e propor hipóteses sobre as conseqüências dessas pluralidade de pontos de vista. Os projetos, assim entendidos, apontam para outra maneira de representar o conhecimento escolar baseando-o na aprendizagem da interpretação da realidade.

Mediação pedagógica e o uso da tecnologia




Mediação pedagógica e o uso da tecnologia.
Masetto

Como utilizar a e mediar a tecnologias, sejam elas digitais ou eletrônica, na sala de aula?



A tecnologia apresenta-se como meio, como instrumento para colaborar no desenvolvimento do processo de aprendizagem, ela tem sua importância apenas como um instrumento significativo para favorecer a aprendizagem . Não é a tecnologia que vai resolver ou solucionar o problema educacional do Brasil. Poderá colaborar, no entanto, se for usada adequadamente, para o desenvolvimento educacional dos estudantes.Os professores precisam adquirir habilidades para trabalhar com tecnologias que em geral não dominam.



O professor realiza o papel de mediador entre o aluno e sua aprendizagem, o facilitador, o incentivador e motivador da aprendizagem. O professor assume o papel de orientador das atividades do aluno, de consultor, de facilitador da aprendizagem, de alguém que pode colaborar para dinamizar a aprendizagem do aluno, desempenhará o papel de quem trabalha em equipe, junto com o aluno, buscando os mesmos objetivos; numa palavra desenvolverá o papel de mediação pedagógica.



As técnicas precisam ser escolhidas de acordo com o que se pretende que os alunos aprendam. Como o processo de aprendizagem abrange o desenvolvimento intelectual, afetivo, o desenvolvimento de competências e de atitudes, a tecnologia a ser usada deverá ser variada e adequada a esses objetivos. As técnicas deveram estar coerentes com os novos papeis tanto do aluno, como do professor.



Deve-se trabalhar com técnicas que incentivem a participação dos alunos, a interação entre eles, a pesquisa, o debate, o diálogo; que promovem a construção do conhecimento. È necessário que o professor confie no aluno, acredite que ele é capaz de assumir a responsabilidade pelo seu processo de aprendizagem, assumir que o aluno apesar de sua idade, é capaz de retribuir atitudes adultas de respeito, de dialogo, de responsabilidade, de arcar com as conseqüências de seus atos, de profissionalismo quando tratado como tal.



Haverá necessidade de variar estratégias tanto para motivar o aprendiz, como para responder aos mais diferentes ritmos e formas de aprendizagem, pois nem todos aprendem do mesmo modo e no mesmo tempo. A tecnologia somente terá importância se for adequada para facilitar o alcance dos objetivos e se for eficiente para o aluno. As técnicas não se justificarão por si mesmas, mas pelos objetivos que pretende que elas alcancem, que no caso serão a aprendizagem.

Qual é a importância da mediação pedagógica nesse contexto?



A mediação pedagógica é entendida como a atitude, o comportamento do professor que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, ela é uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus objetivos. É a forma de se apresentar e tratar um conteúdo ou tema que ajuda o aprendiz a coletar informações, relacioná-las, organizá-las, manipulá-las, discuti-las com seus colegas, com o professor e com outras pessoas, até chegar a produzir um conhecimento que seja significativo para ele, conhecimento que se incorpore ao seu mundo intelectual e vivencial, e que ajude a compreender sua realidade humana e social, e mesmo a interferir nela.



A mediação pedagógica busca abrir um caminho a novas relações de estudante: com os materiais, com o próprio contexto, com outros textos, com seus companheiros de aprendizagem, incluindo o professor, consigo mesmo e com seu futuro, São características da mediação pedagógica:
· Dialogar permanentemente de acordo com o que acontece no momento;
· Trocar experiências;
· Debater dúvidas, questões ou problemas;
· Apresentar perguntas orientadoras;
· Orientar nas carências e dificuldades técnicas ou de conhecimento quando aprendiz não consegue encaminhá-las sozinho;
· Garantir a dinâmica do processo de aprendizagem;
· Propor situações-problema e desafios;
· Desencadear e incentivar reflexões;
· Criar intercâmbio entre a aprendizagem e a sociedade real onde nos encontramos, nos mais diferentes aspectos;
· Colocar o aprendiz frente a frente com questões éticas, sociais, profissionais por vezes conflitivas;
· Colaborar para desenvolver crítica com relação à quantidade e à validade das informações obtidas;
· Cooperar para que o aprendiz use e comande as novas tecnologias para suas aprendizagens e não seja comandado por elas ou por quem as tenha programado;
· Colaborar para que se aprenda a comunicar co9nhecimentos seja por meio de meios convencionais, seja por meio de novas tecnologias;



A mediação pedagógica coloca em evidência o papel do sujeito do aprendiz e o fortalece como ator de atividades que lhe permitirão aprender e conseguir atingir seus objetivos; e dá um novo colorido ao papel do professor e aos novos materiais e elementos com que ele deverá trabalhar para crescer e desenvolver.


Atividade do dia 29/10/2009


As múltiplas formas de aprender

Moran

A escola não é mais a mesma, a tecnologia trouxe uma inovação para a escola, para a sala de aula e conseqüentemente para o cotidiano escolar, a tecnologia passa a fazer parte da vida dos alunos e professores. A educação a distância vem crescendo e se fortificando, ela vem se caracterizando não mais como uma atividade isolada mas como uma forma de criar grupos de aprendizagem, integrando a aprendizagem pessoal com a grupal.


Segundo José Moran as tecnologias caminham na direção da convergência, da integração, dos equipamentos multifuncionais que agregam valor. Essas tecnologias convergentes e combinadas modificam profundamente a nossa vida. As redes, principalmente a internet estão provocando mudanças profundas na educação a distância e presencial, no entanto ainda muitas escolas oferecem apenas o mínimo de infra- estrutura tecnológica de apóio a professores e alunos.hoje temos um numero significativo de professores desenvolvendo projetos e atividades mediados por tecnologias. Mas a grande maioria das escolas e dos professores ainda está tateando sobre como utilizá-las adequadamente. A escola precisa avançar mais na incorporação de atividades a distância como parte do processo de aprendizagem. Não podemos hoje resolver tudo dentro da sala de aula. No ensino superior isso já se percebe como uma tendência que será cada vez mais forte, mas também precisa chegar ao ensino médio e ao ensino fundamental.

O computador como máquina isolada


Os computadores, como máquina isoladas, até agora têm desenvolvido mais procedimentos lógicos, programas de organização de atividades que funcionam com regras, padrões e previsibilidade. A utilização intensiva desses programas reforça a organização lógica do pensar e do agir. Mas os computadores hoje estão ligados em redes e cada vez mais cheios de imagens, sons e movimento. O perigo, com as crianças e jovens, é justamente diminuir o comportamento lógico, a dispersão, o encantamento pela multiplicidade incessante de imagens e sons, o consumo acrítico de tantas informações. A multimídia é muito rica, mas se é consumida rapidamente sem tempo de reflexão e aprofundamento, pode contribuir para transformar o computador em um forte meio de sedução informativa e de interação emocional com os outros sem avançar significada mente na organização do conhecimento, na contextualização da informação.


Senso crítico


É importante desenvolver o senso crítico no processo de construção e de organização da aprendizagem, mantendo o equilíbrio entre o contato físico e o virtual, entre as atividades intelectuais e as socioafetivas que se dão por meio das redes, do relacionamento, da interação presencial e da conexão a distância, do estar juntos virtualmente. Tudo o que é em excesso prejudica.


A tecnologia e a velocidade das mudanças



Educar é ajudar a construir caminhos para que nos tornemos mais livres, para fazer as melhores escolhas. Se deixarmos a tecnologia nos dominar, caminharemos na direção contrária. A tecnologia é importante, mas sempre é um meio, um apoio, não pode converte-se numa finalidade em si.

26/11- Pedagogia de projetos: fundamentos e implicações

Na pedagogia de projetos, o aluno aprende no processo de produzir, levantar dúvidas, pesquisar e criar relações que incentivam novas descobertas, compreensões de conhecimento. Portanto, o papel do professor deixa de ser aquele que ensina por meio d transmissão de informações e passa a ser aquele que cria situações de aprendizagem, cujo foco incida sobre as relações que se estabelecem nesse processo, cabendo ao professor realizar as mediações necessárias para que o aluno possa encontrar sentido naquilo que aprendendo a partir das relações criadas nessas situações.
Para efetuar a mediação pedagógica:
Ø O professor precisa acompanhar o processo de aprendizagem do aluno, ou seja, entender seu caminho, seu universo cognitivo e afetivo, bem como sua cultura, história e contexto de vida.
Ø É fundamental que o professor tenha clareza da sua intencionalidade pedagógica para saber intervir no processo de aprendizagem do aluno, garantindo que os conceitos utilizados, intuitivamente ou não, na realização do projeto sejam compreendidos, sistematicamente ou não, na realização do projeto sejam compreendidos, sistematizados pelo aluno.
Outro aspecto importante na atuação do professor é o de propiciar o estabelecimento de relações interpessoais entre os alunos e respectivas dinâmicas sociais, valores e crenças próprias do contexto em que vivem. Portanto existem três aspectos fundamentais que o professor precisa considerar para trabalhar com projetos:
Ø As possibilidades de desenvolvimento de seus alunos;
Ø As dinâmicas sociais do contexto em que atua;
Ø As possibilidades de sua mediação pedagógica.

Conceito de projeto
A idéia de projeto envolve a participação de algo desejável que ainda não foi realizado, traz a idéia de pensar uma realidade que ainda não aconteceu. O processo de projetar implica analisar o presente como fonte de possibilidades futuras (Freire e Prado, 1999). O ato de projetar requer abertura para o desconhecido, para o não-determinado e flexibilidade para reformular as metas à medida que as ações projetadas evidenciam novos problemas e dúvidas.
O projeto do professor pode ser construído pela própria prática pedagógica, a qual será antecipada. Colocada em ação, analisada e reformulada. De certa forma, essa situação permite ao professor assumir uma postura reflexiva e investigativa da ação pedagógica e, portanto, caminhar no sentido de reconstruir-la com vistas a integrar o uso das mídias numa abordagem interdisciplinar.
Aprendendo e “ensinando” com projetos
A pedagogia de projetos deve permitir que o aluno aprenda-fazendo e reconheça a própria autoria naquilo que produz, por meio de questões de investigação que lhe impulsionam a contextualizar conceitos já conhecidos e descobrir outros que emergem durante o desenvolvimento do projeto. Nessa situação de aprendizagem, o aluno precisa selecionar informações significativas, tomar decisões, trabalhar em grupo, gerenciar confronto de idéias, enfim, desenvolver competências interpessoais para aprender de forma colaborativa com seus pares.
A mediação do professor é fundamental, pois, ao mesmo tempo que o aluno precisa reconhecer sua própria autoria no projeto, ele também precisa sentir a presença do professor, que ouve, questiona e orienta, visando propiciar a construção de conhecimento do aluno. A mediação implica a criação de situações de aprendizagem que permitam ao aluno fazer regulações, uma vez que os conteúdos envolvidos no projeto precisam ser sistematizados para que os alunos possam formalizar os conhecimentos colocados em ação o trabalho por projetos potencializa a integração de diferentes áreas de conhecimento, assim como a integração de varias mídias e recursos, os quais permitem ao aluno expressar seu pensamento por meio de diferentes linguagens e formas de representação.
O projeto rompe com as fronteiras disciplinares, tornando-as permeáveis na ação de articular diferentes áreas de conhecimento, mobilizados na investigação de problemáticas e situações da realidade, isso não significa abandonar as disciplinas, mas integrá-las no desenvolvimento das investigações, aprofundando as verticalmente em sua própria identidade, ao mesmo tempo, que estabelecem articulações, aprofundando as verticalmente em sua própria identidade, ao mesmo tempo, que estabelecem articulações horizontais numa relação de reciprocidade entre elas, a qual tem como pano de fundo a unicidade do conhecimento em construção.
Algumas considerações
Uma questão que gera questionamento entre os professores é o fato de que nem todos os conteúdos curriculares previstos para serem estudados numa determinada série/nível de escolaridade não são possíveis de serem abordados no contexto do projeto. Essa é uma situação que mostra que o projeto não pode ser concebido como uma camisa-de-força, pois existem momentos em que outras estratégias pedagógicas precisam ser colocadas em ação para que os alunos possam aprender determinados conceitos.
Nesse sentido, é necessário que o professor tenha a reconstrução do conhecimento. O compromisso educacional do professor é justamente saber o que, como, quando e por que desenvolver determinadas ações pedagógicas. É para isso é fundamental conhecer o processo de aprendizagem do aluno e ter clareza da sua intencionalidade pedagógica. Outro questionamento é a duração de um projeto, um vez que a atuação do professor segue um calendário escolar e, portanto, pensar na possibilidade de ter um projeto sem fim cria uma certa preocupação em termos de seu compromisso com os alunos de uma determinada turma nesse sentido, uma possibilidade seria pensar no desenvolvimento de um projeto que tenha começo, meio e fim, tratando esse fim como um momento provisório.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Aula do dia 24/09/09


Impactos das Tecnologias de Informação sobre os Deficientes Visuais
José Antonio dos Santos Borges

Na história os deficientes visuais eram tidos como um peso para a sociedade, a cegueira era considerada como sendo um castigo de Deus. Essa situação cultural dos cegos permaneceu durante milênios, começando a mudar em meados do século XIX, com a criação da Escola de Cegos de Paris, onde técnicas militares de comunicação noturna passaram a ser aplicadas aos alunos cegos. Alguns precursores, como
Valentin Hauy e Charles Barbier desenvolveram técnicas envolvendo métodos táteis, que visavam permitir aos cegos ler e escrever, mas foi Louis Braille, um aluno cego quem sistematizou a técnica de escrita em relevo que é ainda hoje, a forma mais usada na educação e comunicação escrita para cegos. A escrita Braille acabou por se tornar um padrão mundial, proporcionando o desenvolvimento das pessoas cegas na área cultural, visto que qualquer material poderia ser ,em princípio, transcrito para Braille, tornado viável o estudo de milhões de pessoas numa época em que o desenvolvimento tecnológico era rudimentar, porem a técnica Braille traz embutida a necessidade da transcrição ,ou seja os textos normalmente escritos à tinta eram copiados para esta forma.
Durante cerca de 130 anos, o modelo assistencial e a aplicação do Braille como única alternativa de inserção cultural permaneceram intocados. Com o surgimento de novos itens tecnológicos esses modelos foram abalados e acabaram a partir de 1970. A partir de 1970 ocorre uma explosão no desenvolvimento da tecnologia de eletrônica, computação e comunicações, o responsável pela essa explosão foi a Guerra do Vietnã, pois milhares de cidadãs norte-americanos ficaram deficientes e ao voltarem da Guerra , provocaram ações muito sérias e de grande repercussão e visibilidade contra o governo, o que obrigou o governo a financiar pesquisas e apoiar ações que viessem melhorar a vida dos deficientes.
As ações do governo deram certo, várias empresas na época modificaram as tecnologias de escrever e impressoras convencionais e dos teletipos para produzir as primeiras impressoras Braille, foram criadas as primeiras máquinas de impressão mecânica manuais, os primeiros programas para transcrição Braille por computador, que diminuíram muito as dificuldades de reprodução de material em Braille. A lógica por trás dessas ações de governo é muito claro, pois sai muito mais barato equipar o deficiente para trabalhar, transformando o num ser produtivo, provavelmente competitivo e consumidor, do que pagar indenizações para o resto da vida.
O modelo americano de tratar o assunto deficiência foi imitado por diversos países da Europa, em especial por aqueles que tiveram problemas com guerras no passado. Como conseqüência dessas ações, a partir de 1980, com um acentuado aumento nos anos 90, surgindo um mercado internacional de produtos para deficientes com uma relativa variedade.
NO Brasil o uso do computador foi iniciado no início dos anos de 1980, com a criação de cursos para a formação de programadores cegos na linguagem Cobal, realizado pela IBM em parceria com o Instituto Benjamin Constant. O principal fator para a entrada maciça de tecnologia na vida dos deficientes brasileiros foi a criação do sistema Dosvox, no núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1994. Em meados de 1990, os deficientes visuais são introduzidos em sala de aula de pessoas comuns, porem os professores não estavam preparados para receber os alunos deficientes. Novas estruturas auxiliares, salas de recursos e Centros de Apoio Pedagógico foram criados. Em 1998 0 Ministério da Educação (MEC) Cria o programa do livro Didático em Braille.
A criação de novas ferramentas adaptadas (tática usada pelo Projeto Dosvox) permite que os deficientes visuais usem ferramentas criadas com suas idiossincrasias, explorando ao máximo o seu potencial através de uma interface adequada, Em 2001 o número aproximadamente de cegos na Internet era estimado em 1800, sendo a grande maioria localizada na região sudeste do Brasil( cerca de 70%). Do ponto de visto humano a Internet tem um valor maior para os cegos do que para que para pessoas as videntes, Pela Internet o deficiente visual conversa diminuindo a sua solidão, faz amigos, compram, discutem uns com os outros, a internet com freqüência é ponte para relacionamentos reais, que acabam em casamentos. Dessa forma a educação deve ser vista como a chave para a integração futura necessariamente apoiada e viabilizada pelo uso intensivo de itens tecnológicos.

Ambientes de Aprendizagem: reengenharia da sala de aula
Ângelo de Moura Guimarães
Reinildes Dias


O avanço e a disseminação das tecnologias de informação e comunicação vêm criando novas formas de convivência, novos textos, novas leituras, novas escritas e, novas maneiras de interagindo no espaço cibernético. É necessário integrar essa nova forma de pensar ao desenvolvimento de conhecimento e saberes do aluno, para proporcionar ao aluno um fazer educativo capaz de oferecer múltiplos caminhos e alternativas, criando ambientes de aprendizagem que tenham como suporte as tecnologias da informática e da comunicação.
O sistema educacional brasileiro vem sofrendo mudanças, porem a sala de aula continua anacrônica, as práticas pedagógicas ainda são tradicionais. O aluno aprende passivamente o que o professor ou o livro transmitem, sem questionar, interagir com os colegas, pensar, correr riscos, aceitar desafios, raciocinar resolver problemas, está prática pedagógica é uma acumulação de informações, sem uma direção formativa. Outro problema é o processo avaliativo, pois o aluno acaba sendo avaliado por ser capaz de fornecer a “resposta certa”, sem considerações relativas às causas dos erros cometidos, que poderiam ser vistos como ponto de partida para uma reconstrução do conhecimento no contexto da aprendizagem.
Uma educação comprometida com o desenvolvimento e a construção de conhecimentos não deve oferecer caminhos únicos, as ações educativas têm de ser redirecionadas para colocar o aluno como o centro da aprendizagem, levando em consideração seu papel ativo no ato de aprender e o alto nível de variedade em relação aos estilos de aprender, interesses e motivação de um grupo de alunos. A noção de aprendizagem deve ser pautada em três pilares básicos: o cognitivo, o afetivo e o social. O fazer educativo, entendido como mediação para a aprendizagem, exerce um papel preponderante no envolvimento do aluno nas ações de aprender. A tecnologia da informação e da comunicação é necessária para desenvolver um novo fazer educativo.
Estratégias de aprendizagem devem ser criadas, e referem-se às ações e procedimentos escolhidos, assumidos e controlados pelo indivíduo para resolver uma determinada situação-problema ou um certo desafio,envolvendo tomada de decisões com base no raciocínio, na afetividade e nas interações sociais, para atingir metas e objetivos específicos. Estratégias podem ainda ser definidas como os processos mentais (cognitivos e metacognitivos), afetivos (motivação, interesse, necessidade, etc.) e sociais (interação com o meio de conhecimento) ativados pelo aprendiz para facilitar a construção de saberes, de modo a tornar a aprendizagem mais eficiente, mais prazerosa, mais direcionada à resolução de um desafio, com um nível adequado de generalização ou transferência para outras situações.
Segundo os princípios do construtivismo (Piaget, 1976), o modelo sugerido por Guimarães (1998) coloca a ação como sendo o cerne no processo de aprendizagem. Para esse autor, o conceito de ação é alguma atividade física (ação)/ inteligência cinestésica, mas também como atividade mental (imaginação )/inteligência cognitiva: lógica e lingüística, abrange ainda o envolvimento afetivo, inteligência interpessoal, bem como as relações sociais, socialização inteligência intrapessoal. O modelo para,o desenvolvimento, a criação e a avaliação de ambientes de aprendizagem, deve fazer uso de uma das heurísticas sugeridas ou de uma combinação delas, com mediação de tecnologias da informação e da comunicação. O aluno constrói saberes na interação com os colegas e com o meio do conhecimento, portanto a interação dos conhecimentos e saberes de diversas áreas é a marca de ambientes de aprendizagem. Na integração multidisciplinar, as fronteiras implícitas ou explicitas entre as disciplinas são minimizadas pela utilização, integração e exploração de informação, conceitos e habilidades, numa variedade de contextos diferentes. O modelo proposto procura incentivar o desenvolvimento de um fazer educativo com um grau mais elevado de variedade e que atenta à diversidade presente na sala de aula em relação a estratégias e estilos de aprendizagem, ao grau de motivação e de interesse dos alunos, além do nível diferenciado de conhecimento prévio e vivências.


Aula do dia 10/09/09

História da Informática na Educação
José Armando Valente

Os primeiros computadores com capacidade de programação e armazenamento de informação começaram a ser comercializados em meados da década de 50, nessa época apareceram as primeiras experiências do seu uso na educação, o computador era usado praticamente para armazenar informação em uma determinada seqüência e transmiti-la ao aprendiz.
A informática na Educação, no Brasil, nasceu a partir do interesse de educadores de algumas universidades brasileiras motivados pelo que já vinha acontecendo em outros países como Estados Unidos da América e França.
O termo informação na educação refere-se no texto à inserção do computador no processo de ensino aprendizagem de conteúdos curriculares de todos os níveis e modalidades de Educação. A informática na educação enfatiza o fato de o professor da disciplina curricular ter conhecimento sobre os potenciais educacionais do computador e ser capaz de alterar adequadamente atividades tradicionais de ensino-aprendizagem e atividades que usam o computador. Essas atividades podem ser tanto para continuar transmitindo a informação para o aluno e, portanto para reforçar o processo instrucionista, quanto para criar condições para o aluno construir o conhecimento.
Quando o aluno usa o computador para construir o seu conhecimento o computador passa a ser uma máquina para ser ensinado, proporcionando condições para o aluno descrever a resolução de problemas, usando linguagens de programação, refletir sobre os resultados obtidos e depurar suas idéias por intermédio da busca de novos conteúdos e novas estratégias. O uso do computador na criação de ambientes de aprendizagem que enfatizam a construção do conhecimento apresenta enormes desafios.
Primeiro implica em entender o computador como uma nova maneira de representar o conhecimento, provocando um redimensionamento dos conceitos já conhecidos e possibilitando a busca e compreensão de novas idéias e valores. Usá-lo com essa finalidade, requer a análise cuidadosa do que significa ensinar e aprender bem como, demanda rever o papel do professor nesse contexto.
Segundo, a formação desse professor envolve mais do que provê-lo com conhecimento sobre computadores. O seu preparo não pode ser uma simples oportunidade para passar informações, mas deve propiciar a vivencia de uma experiência que contextualiza o conhecimento que ele constrói. È o contexto da escola, a prática dos professores e a presença dos seus alunos que determinam o que deve ser abordado nos cursos de formação. Assim o processo de formação deve criar condições para o docente construir conhecimentos sobre as técnicas computacionais, entender porque e como integrar o computador na sua prática pedagógica, e ser capaz de superar barreiras de ordem administrativa e pedagógica, possibilitando a transição de um sistema fragmentado de ensino para uma abordagem integradora de conteúdo e voltada para a resolução de problemas específicos de interesse de cada aluno. Dessa forma, o curso de formação deve criar condições para que o professor saiba recontextualizar o aprendizado e as experiências vividas durante a sua formação para a sua realidade de sala de aula, compatibilizando as necessidades de seus alunos e os objetivos pedagógicos que se dispõe a atingir.
Finalmente, a implantação da informática, como auxiliar do processo de construção do conhecimento, implica em mudanças na escola que vão além da formação do professor. È necessário que todos os segmentos da escola – alunos, professores, administradores e comunidade de pais – estejam preparados e suportem as mudanças educacionais necessárias para a formação de um novo profissional.